Artigo Anais do XXI O Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Sessão Livres)

ANAIS de Evento

ISSN: 1984-8781

A TRANSGRESSÃO COMO FORÇA DO PLANEJAMENTO (SESSÃO LIVRE)

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Na contemporaneidade, essas ideias encontram eco em um leque abrangente de ações e, mesmo, manifestações de caráter transgressor no espaço social (LIMONAD, 2024). As ações e práticas transgressoras abrangem uma gama variada de intervenções em espaços públicos e, mesmo, em espaços privados que compreendem desde ações sociais espontâneas ou organizadas a práticas de planejamento alternativas, que comportam atividades de caráter educativo e formador voltadas para o empoderamento social. A diferenciação em termos do grau de transgressão, do teor e do caráter dos espaços objeto dessas ações serão abordados por Ester Limonad. A apropriação social impulsionada por movimentos sociais imprime um caráter público e coletivo aos espaços privados alvo de ações transgressoras, como sucede com as ocupações urbanas na cidade de São Paulo, abordadas por Camila D’Ottaviano, com base em D’Ottaviano (2021), D'Ottaviano e Bassani (2022), D’Ottaviano e Otero (2023), García-Lamarca (2017), Gohn (2008) e MIraftab (2009). A incorporação de ações e práticas transgressoras de diferentes graus ao planejamento não é novidade. A transgressão impõe, por sua própria natureza, a mudança. E, a mudança é a tônica do planejamento. Impõe-se, assim questionar a relação das transgressões, das práticas políticas com o planejamento e, em especial, com o planejamento não só do urbano, mas do não-urbano. Logo, demandam considerar tanto a relação entre planejamento e política, quanto como a ação do planejamento pode contribuir para empoderar comunidades e apoiar experiências inovadoras nos espaços urbanos e rurais. Essas preocupações norteiam a contribuição de Roberto Luís Monte-Mór, inspirado nas contribuições de Friedmann (1987), a partir das atividades decorrentes do Plano Metropolitano de Belo Horizonte. Apesar de seu caráter diverso e de seus distintos graus de transgressão, essas ações e práticas transgressoras comungam um horizonte de transformação social, de produção de uma outra sociedade humana e igualitária e de outras relações sociais de produção, em contraposição ao espaço desumano imposto de forma avassaladora pela acumulação capitalista. Possibilidades e potencialidades de outro planejamento, de um planejamento transgressor estão postas, a começar por um horizonte de transformação social em que a possibilidade de mudança reside na incorporação do não-urbano, da natureza (LIMONAD, MONTE-MÓR, 2023), do rural, do constitutivo externo (ROY, 2016). 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Caderno CRH, v. 21, n. 54, p. 439-455, 2008. https://doi.org/10.9771/ccrh.v21i54.18982 LANDAU-DONELLY, F.; POHL, L. Towards a post-foundational geography: Spaces of negativity, contingency, and antagonism. Progress in Human Geography, v. 47, n. 4, 481–499, 2023. LEFEBVRE, H. The Production of Space. London: Blackwell, 1991 LIMONAD, E. Utopias urbano-naturais em tempos difíceis. Geo UERJ, n. 46, e87725, 2024| https://doi.org/10.12957/geouerj.2024.87725 LIMONAD, E.; MONTE-MOR, R.L. Utopias Urbanas desde o Giro Decolonial. GEOUSP, v. 26 (1), e-189578, 2022. https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2022.189578 MARCHART, O. Post-foundational political thought: Political difference in Nancy, Lefort, Badiou and Laclau. Edinburg: University Press, 2007. MIRAFTAB, F. Insurgent Planning: Situating Radical Planning in the Global South. Planning Theory, v. 8, n. 1, p. 32-50, 2009. https://doi.org/10.1177/1473095208099297 MOUFFE, C. The democratic paradox. London, New York: Verso, 2005. 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Na contemporaneidade, essas ideias encontram eco em um leque abrangente de ações e, mesmo, manifestações de caráter transgressor no espaço social (LIMONAD, 2024). As ações e práticas transgressoras abrangem uma gama variada de intervenções em espaços públicos e, mesmo, em espaços privados que compreendem desde ações sociais espontâneas ou organizadas a práticas de planejamento alternativas, que comportam atividades de caráter educativo e formador voltadas para o empoderamento social. A diferenciação em termos do grau de transgressão, do teor e do caráter dos espaços objeto dessas ações serão abordados por Ester Limonad. 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Essas preocupações norteiam a contribuição de Roberto Luís Monte-Mór, inspirado nas contribuições de Friedmann (1987), a partir das atividades decorrentes do Plano Metropolitano de Belo Horizonte. Apesar de seu caráter diverso e de seus distintos graus de transgressão, essas ações e práticas transgressoras comungam um horizonte de transformação social, de produção de uma outra sociedade humana e igualitária e de outras relações sociais de produção, em contraposição ao espaço desumano imposto de forma avassaladora pela acumulação capitalista. Possibilidades e potencialidades de outro planejamento, de um planejamento transgressor estão postas, a começar por um horizonte de transformação social em que a possibilidade de mudança reside na incorporação do não-urbano, da natureza (LIMONAD, MONTE-MÓR, 2023), do rural, do constitutivo externo (ROY, 2016). 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Publicado em 31 de julho de 2025

Resumo

"Meu caro amigo, se você esperar que o governo aja, você estará tão velho quanto Matusalém antes que ele comece a agir. A única maneira de fazer algo é fazer você mesmo". Com essas palavras, em 22 de outubro de 1975, Colin Ward, anarquista britânico e editor do periódico Cidades Jardim, encerrou sua palestra sobre The Do-It-Yourself New Town no Fórum das Cidades Jardim em Welwyn. Pode-se aventar uma certa convergência dessa advertência de Ward (2011) , à proposição de do-in e de acupuntura urbana de John Friedmann (1987) como possibilidades e sementes de práticas e de ações de intervenção alternativas diversas com potencial para subsidiar a produção de um espaço social diferente, humano, equitativo e com urbanidade, de um espaço público como coisa pública, ou mesmo, de um espaço diferencial nos termos de Henri Lefebvre (1991). Na contemporaneidade, essas ideias encontram eco em um leque abrangente de ações e, mesmo, manifestações de caráter transgressor no espaço social (LIMONAD, 2024). As ações e práticas transgressoras abrangem uma gama variada de intervenções em espaços públicos e, mesmo, em espaços privados que compreendem desde ações sociais espontâneas ou organizadas a práticas de planejamento alternativas, que comportam atividades de caráter educativo e formador voltadas para o empoderamento social. A diferenciação em termos do grau de transgressão, do teor e do caráter dos espaços objeto dessas ações serão abordados por Ester Limonad. A apropriação social impulsionada por movimentos sociais imprime um caráter público e coletivo aos espaços privados alvo de ações transgressoras, como sucede com as ocupações urbanas na cidade de São Paulo, abordadas por Camila D’Ottaviano, com base em D’Ottaviano (2021), D'Ottaviano e Bassani (2022), D’Ottaviano e Otero (2023), García-Lamarca (2017), Gohn (2008) e MIraftab (2009). A incorporação de ações e práticas transgressoras de diferentes graus ao planejamento não é novidade. A transgressão impõe, por sua própria natureza, a mudança. E, a mudança é a tônica do planejamento. Impõe-se, assim questionar a relação das transgressões, das práticas políticas com o planejamento e, em especial, com o planejamento não só do urbano, mas do não-urbano. Logo, demandam considerar tanto a relação entre planejamento e política, quanto como a ação do planejamento pode contribuir para empoderar comunidades e apoiar experiências inovadoras nos espaços urbanos e rurais. Essas preocupações norteiam a contribuição de Roberto Luís Monte-Mór, inspirado nas contribuições de Friedmann (1987), a partir das atividades decorrentes do Plano Metropolitano de Belo Horizonte. Apesar de seu caráter diverso e de seus distintos graus de transgressão, essas ações e práticas transgressoras comungam um horizonte de transformação social, de produção de uma outra sociedade humana e igualitária e de outras relações sociais de produção, em contraposição ao espaço desumano imposto de forma avassaladora pela acumulação capitalista. Possibilidades e potencialidades de outro planejamento, de um planejamento transgressor estão postas, a começar por um horizonte de transformação social em que a possibilidade de mudança reside na incorporação do não-urbano, da natureza (LIMONAD, MONTE-MÓR, 2023), do rural, do constitutivo externo (ROY, 2016). E, essa busca de incorporar o constitutivo externo leva Rainer Randolph a refletir sobre o seu potencial para um planejamento transgressor a partir de leituras pós-fundacionais, nesse sentido recorre a Brenner (2013), Landau-Donelly e Pohl (2023), Marchart (2007), Mouffe (2005), Pohl e Swyngedouw (2023) e Roy (2016). Em um mundo que o capital trata os lugares e os espaços públicos como sem memória, sem identidade e sem um sentido comum, koinon, evocado por Arendt, (2007), o resgate do espaço social, em especial do espaço público, da sociabilidade e da urbanidade, emerge como arena de negociação cultural de identidades em marcações socioespaciais nos diversos âmbitos da vida social. Então: como resgatar o espaço social? Para tanto, tornam-se imperativos intervenções, práticas, atos políticos e reflexões que não só postulem, mas resgatem a sociabilidade e o humano, e questionem a ordem criada e imposta pelo espaço abstrato do capital. REFERÊNCIAS ARENDT, H. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense, 2007. BRENNER, N. Theses on urbanization. Public Culture, v. 25, 1 (69), p. 85–114, 2013. D'OTTAVIANO, C. Moradia, emergência e resistência. In: LIMONAD, E.; MONTEIRO; J.; MANSILLA, P. (Org.). Planejamento Territorial. Reflexões críticas e práticas alternativas. São Paulo: Max Limonad, 2021, p. 100-130. D'OTTAVIANO, C.; BASSANI, J. Extensão Universitária: parceria e formação. Masquedós, n. 7, p. 1-15, 2022. D'OTTAVIANO, C.; OTERO, E. V. Ocupações: moradia e resistência. Interfaces, v. 1, p. 271-289, 2023. FRIEDMANN, J. Planning in the public domain: from knowledge to action. Princeton: Princeton University Press, 1987. GARCÍA-LAMARCA, M. From Occupying Plazas to Recuperating Housing: Insurgent Practices in Spain. International Journal of Urban and Regional Research, v. 41(1), 2017, p. 37-53. GOHN, M.G. Abordagens teóricas no estudo dos movimentos sociais na América Latina. 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